segunda-feira, 3 de outubro de 2011

"Um olhar de Shakespeare sobre o tempo"

"Lesto o precioso tempo-olha o quadrante-foge
Hás de ao espelho inda ver tua beleza em declínio.
Cada ruga, então, vista e em que não pensas hoje.
Far-te-á pensar em campa  e esquecer teu fascínio,
E na sombra verás do teu quadrante o rumo
Do tempo, que, ladrão, vai para a eternidade.
Se fores ao papel confiando o que há de sumo.
No teu viver de agora, um livro hás de, em verdade,
Vir a ter ante o olhar: a tua própria história,
Escreve, escreve, pois, de modo qeu algum dia,
Do teu cérebro filha, haja, viva, a memória.
Da tua mocidade a esplender galhardia.
E, gozando em teu livro o argumento proveito,
Hás de tê-lo, decerto, em conta de alto jeito."


Sonetos de William Shakespeare, 1564-1616
São Paulo: Martin Claret, 2006 ( Coleção A Obra Prima de Cada Autor, 249) . Literatura Inglesa, pág. 103

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